EM MAHAGONY COM BRECHT
Busca expor o que a sensibilidade do Poeta Antonio Cabral Filho consegue transmitir da sua relação com a obra de Bertolt Brecht. Além disso, apresentarei meus poemas preferidos, junto com todo um conjunto de poemas de admiradores dedicados a Bertolt Brecht. Mas quem tiver e quiser expor seus poemas a ele dedicados, envie para ... 2acabralf@gmail.com
segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
quarta-feira, 27 de maio de 2015
Em Mahagony Com Brecht * Antonio Cabral Filho - Rj
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Bom, no dia 12 de fevereiro de 1977, período em que eu cursava teatro na Escola Martins Penna, Rio de Janeiro, fui ao Teatro João Caetano, Praça Tiradentes, centro da cidade, assistir à peça MAHAGONY, de Bertolt Brecht. Não fui sozinho. Nessa ocasião, levei comigo a pessoa que acrescia tudo que a minha vida carecia: Roseli.
Após a peça, saimos e ficamos conversando no meio da praça. Dalí, ela foi embora. E eu fiquei lá, mergulhado no mundo de Bertolt Brecht. Na MAHAGONY de Bertolt Brecht. Naquele mundo que engole as pessoas e vomita um urbanoide esterilizado, que as transforma numa coisa manipulável, úteis a qualquer serventia.
Daí, saí caminhando e fui para casa. Levava sobre meus ombros uma tonelada de preocupações. Mas ao final da Rua Henrique Valadares, ao lado da sede do Jornal Dos Sports, tudo teria solução: sentei-me e tomei uma black princes. E enquanto pensava na construção de um mundo melhor, perpassava por minha mente o mundo europeu de Bertolt Brecht do período 2ª Gerra Mundial; do qual ele teve que fugir, indo para outra masmorra chamada EUA, da qual saiu escorraçado para a sua velha Europa, assistindo aí o desfechar da guerra até ao final dos seus dias.
Mas, hoje, com Bertolt Brecht, no topo dos seus 117 anos de nascimento, eu me reporto a esse momento, por uma questão essencial: Foi a peça MAHAGONY que cristalizou a minha consciência anti - capitalista.
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terça-feira, 26 de maio de 2015
Bertolt Brecht Em Sonetos * Antonio Cabral Filho - RJ
Bertolt Brecht Em Sonetos
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1 - Hábitos De Amar (1)
Não é exacto que o prazer só perdura.
Muitas vezes vivido, cresce ainda mais.
Repetir as mil versões prévias, iguais
é aquilo que a nossa atracção segura.
O frêmito do teu traseiro há muito
a pedi-las. Oh, a tua carne é ardil!
E a segunda é, que traz ventura mil.
Que a tua voz presa exija o desfruto!
Esse abrir de joelhos ! Esse deixar-se coitar!
E o tremer, que à minha carne sinal solta,
que saciada a ânsia, logo te volta!
Esse serpear laço! As mãos a buscar
-me. Tua a sorrir!
Aí, vezes que se faça
não fossem ja´tantas, não tinha tanta graça.
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2 - O Décimo Terceiro Soneto (1)
A palavra por que tanto me ralhaste
vem do florentino. Fica é chamado
aí o sexo da mulher. De traste
O grande Dante foi então apodado
porque usou a palavra no poema.
Foi injuriado, li hoje como fora
pelo figo de helena Paris outrora
( Mas este tirou mais proveito do esquema).
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3 - Do Amante
Ai, a carne é fraca, não tem discussão.
E eu, que enfraqueci mulher de amigo,
evito o meu quarto, dormir não consigo.
Vejo-me à noite: atento a qualquer som!
E isso advém de o seu quarto afinal
ser contíguo do meu. O que me consome
É que eu ouço tudo, quando ele a come
e se não ouço, penso: é pior o mal!
Se já tarde os três bebemos um copito
e eu noto que o meu amigo não fuma,
e, quando a mira, põe olhos em bico,
encho o copo dela a deitar por fora
e obrigo-a a beber, se não colabora,
pra ela à noite não dar por nenhuma.
1 - Tradução: Ayres Graça
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4 - Sobre Os Poemas De Dante A Beatriz
Ainda hoje, na cripta onde jaz,
aquela que não pode fazer sua,
por mais que a seguisse pela rua,
uma emoção forte seu nome nos traz.
Pois ele cuidou de nos mantê-la na memória,
ao dedicar-lhe verso tão sublime
e não pode haver quem não se anime
a acreditar inteira em sua história.
Ah, que mau costume ele inaugurou então,
ao cobrir de louvor arrebatado
o que havia apenas visto e não provado!
Desde que versejou a uma simples visão
tudo de aparência bela e casta, a qualquer ensejo
cruzando uma praça, tornou-se objeto de desejo.
(Tradução: Paulo Cesar Souza - Editora Brasiliense 1987)
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5 - NONO SONETO
Quando a foder aprendeste, ensinei-te
a foder, tal que de mim esquecesses
e teu prazer do meu prato comesses
como se amor fosse, não eu, o teu deleite.
Disse-te: mal não faz, quando me esqueces
como se doutro te viesse o derriço!
Eu não me dou a mim, dou-te é um piço.
Não é por ser meu que te traz benesses.
Se bem pretendia que te metesses
na própria pele, não era nada a intenção
que numa te tornasses, que não pondera
quando, por acaso, um lhe está à mão.
Queria que de mil homens não carecesses
para saberes o que do homem te espera.
(Fonte:
http://abrancoalmeida.com/2008/02/12/o-nono-soneto/ )
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6 - SONETO 19
Há apenas uma coisa que eu não quero: que me rehuyeras.
Eu quero ouvi-lo queixar-se apenas você.
Para que você fosse surdo, você precisaria que você diz
e se você fosse mudo, o que você precisa ver
e mesmo se você fosse cego, ainda que ele quer vê-lo.
Tenho sido premiado como meu guardião,
o longo caminho não é nem um meio ir.
Considera a escuridão em que ainda estamos!
Portanto, não vale a pena me "Deixe-me ir, eu estou ferido!"
Portanto, não foi nenhuma "em qualquer lugar" e sim apenas um "aqui",
o serviço não foi cancelada, mas apenas adiada.
Bem, você sabe, quem não é livre é necessário.
Eu, no entanto, eu preciso de você, de qualquer forma.
Eu me diga e nós também podemos dizer.
( VIDE ORIGINAL...
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8 - REIVINDICAÇÃO DA ARTE
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9 - DO PRAZER DOS HOMENS CASADOS
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6 - SONETO 19
Há apenas uma coisa que eu não quero: que me rehuyeras.
Eu quero ouvi-lo queixar-se apenas você.
Para que você fosse surdo, você precisaria que você diz
e se você fosse mudo, o que você precisa ver
e mesmo se você fosse cego, ainda que ele quer vê-lo.
Tenho sido premiado como meu guardião,
o longo caminho não é nem um meio ir.
Considera a escuridão em que ainda estamos!
Portanto, não vale a pena me "Deixe-me ir, eu estou ferido!"
Portanto, não foi nenhuma "em qualquer lugar" e sim apenas um "aqui",
o serviço não foi cancelada, mas apenas adiada.
Bem, você sabe, quem não é livre é necessário.
Eu, no entanto, eu preciso de você, de qualquer forma.
Eu me diga e nós também podemos dizer.
( VIDE ORIGINAL...
Há apenas uma coisa que eu não quero: que me rehuyeras.
Eu quero ouvi-lo queixar-se apenas você.
Para que você fosse surdo, você precisaria que você diz
e se você fosse mudo, o que você precisa ver,
e mesmo se você fosse cego, ainda que ele quer vê-lo.
Tenho sido premiado como meu guardião,
o longo caminho não é nem um meio ir,
Considera a escuridão em que ainda estamos!
Portanto, não vale a pena me "Deixe-me ir, eu estou ferido!"
Portanto, não foi nenhuma " em qualquer lugar ", e sim apenas um" aqui ";
o serviço não foi cancelada, mas apenas adiada.
Bem, você sabe: quem não é livre é necessário.
Eu, no entanto, eu preciso de você, de qualquer forma;
Eu me diga e nós também podemos dizer.
) IN...http://loescriboportubien.blogspot.com.br/2012/03/soneto-19.html ....
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7 - O USO DAS PALAVRAS OBSCENAS
7 - O USO DAS PALAVRAS OBSCENAS
O uso das palavras obscenas Desmedido eu que vivo com medida Amigos, deixai-me que vos explique Com grosseiras palavras vos fustigue Como se aos milhares fossem nesta vida! Há palavras que a foder dão euforia: Para o fodidor, foda é palavra louca E se a palavra traz sempre na boca Qualquer colchão furado o alivia. O puro fodilhão é de enforcar! Se ela o der até se esvaziar: bem. Maré não lava o que a arvore retém! Só não façam lavagem ao juizo! Do homem a arte é: foder e pensar. (Mas o luxo do homem é: o riso). (Tradução de Aires Graça) |
8 - REIVINDICAÇÃO DA ARTE
Reivindicação da arte A boa, que ao seu amor nada nega E se lhe entrega com antecipação Saiba: que não é boa vontade não Mas talento, o que ele deseja na esfrega. Mesmo se à velocidade do som Do sou-tua dela à cópula chega Não é pressa que o botão dele carrega Quando às bolas seminais dá vazão. Se é o amor que primeiro atiça o fogo Precisa ela depois, para Inverno amparado De ser dona ainda de um traseiro dotado. De facto, mais que o fervor no olhar (Também faz falta) um truque há que usar: Coxas soberbas, em soberbo jogo. (Tradução de Aires Graça) |
9 - DO PRAZER DOS HOMENS CASADOS
Do prazer dos homens casados Mulheres minhas, infiéis, adoro amá-las: Vêem meu olho em sua pelve embutido E têm de encobrir o ventre já enchido (Como dá gozo assim observá-las). Na boca ainda o sabor do outro homem Ela é forçada a dar-me tesão viva Com essa boca a rir para mim lasciva Outro caralho ainda no frio abdómen! Enquanto a contemplo, quieto e alheio Do prato do seu gozo comendo os restos Esgana no peito o sexo, com seus gestos Ao escrever os versos, ainda eu estava cheio! (O gozo ia eu pagar de forma extrema Se as amantes lessem este poema.) (Tradução de Aires Graça) |
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10 - DA SEDUÇÃO DOS ANJOS
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10 - DA SEDUÇÃO DOS ANJOS
Da sedução dos anjos Anjos seduzem-se: nunca ou a matar. Puxa-o só para dentro de casa e mete-lhe a língua na boca e os dedos sem frete Por baixo da saia até se molhar Vira-o contra a parede, ergue-lhe a saia E fode-o. Se gemer, algo crispado Segura-o bem, fá-lo vir-se em dobrado P'ra que do choque no fim te não caia. Exorta-o a que agite bem o cu Manda-o tocar-te os guizos atrevido Diz que ousar na queda lhe é permitido Desde que entre o céu e a terra flutue -Mas não o olhes na cara enquanto fodes E as asas, rapaz, não lhas amarrotes. (Tradução de Aires Graça) |
11 - O COITO E A SAUNA
O coito e a sauna Melhor é foder primeiro, e então banhar. Esperas que, curva, sobre o balde se ajeite O traseiro nu miras com deleite E tocas-lhe entre as coxas a reinar. Mantém-na em posição, mas logo após Assento no piço lhe seja permitido Se duche quiser na cona, invertido. Depois, claro, seguindo nossos avós, Serve ela no banho. As pedras põe a apitar Com bátega rápida (que a água ferva) Com tenra bétula te açoita e corado Em balsâmico vapor mais esquentado A pouco e pouco te deixas refrescar Suando agora a fodança em caterva. |
(Obs.: Todos com fundo rosê, são do site Casa do Bruxo
http://www.casadobruxo.com.br/poesia/b/bertolt.htm
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